Janeiro - Balanço e métricas

O que fazer quando seu caixa está no vermelho

É claro que você já ouviu a expressão “ficar no vermelho”. Ela vem das escolas e significa acabar o bimestre com uma nota baixa (arriscando-se a ficar de recuperação). Nas empresas, a ideia é parecida: mostra que a empresa está gastando (ou devendo) mais do que pode pagar.

Isso deveria ser uma exceção, mas há várias empresas por aí que já estão acostumadas a ficar no vermelho e até acham que isso é normal. Outras, por vários motivos, nem percebem que estão gastando mais do que poderiam até ser tarde demais.

Mas há algumas tarefas que todo empreendedor pode – deve – fazer para não chegar a essa situação. Veja, abaixo, quais são elas:

Revisar os preços dos produtos de tempos em tempos

Revisar os preços de cada produto não é tarefa das mais simples. Aqui, é preciso calcular todos os gastos envolvidos, desde a negociação com os fornecedores até os tributos cobrados em cada item. Para isso, usar ferramentas, como a curva ABC, é fundamental. Assim, você descobre quais produtos que realmente dão mais dinheiro e quais estavam prejudicando o faturamento. Com o aumento dos custos fixos e variáveis, esse trabalho de revisar preços deve ser feito de tempos em tempos.

Veja o exemplo do Alcyr Neto, dono do Empório do Lazer, que quase viu tudo o que ele conquistou nesses anos todos ir por água abaixo por estar gastando mais do que poderia sem saber. Ele só reverteu esse quadro quando passou a calcular melhor o preço dos seus produtos e a usar a curva ABC.

Negociar com fornecedores melhores formas de pagamento

Varejo é assim: compra à vista e recebe parcelado. Isso é um problema para os lojistas que ficam um bom tempo sem ver dinheiro entrando no caixa. O Neto, por exemplo, tinha o hábito de querer sempre pagar tudo à vista, mesmo quando não tinha dinheiro suficiente em caixa. E isso sem falar que todo mês ele antecipava os recebíveis dos cartões. Aí já viu, né? Com esses dois hábitos, ele perdia de 4 a 6 mil reais por mês.

A  dica, aqui, é negociar com fornecedores. Se você já tem uma relação duradoura e de confiança com seus parceiros comerciais, tente negociar pagamentos parcelados. Assim, você evita ter que antecipar os recebíveis dos cartões todo santo mês.

Se necessário, se desfazer de bens pessoais

Quando seu caixa chegar em uma situação insustentável, antes de recorrer a empréstimos de bancos, tente colocar capital próprio, ou seja, venda um bem pessoal que não vai lhe fazer falta.

No começo, o Neto achou que estava tudo bem, que era “normal” ter que antecipar recebíveis para pagar à vista. No entanto, Wilson Giglio, consultor em gestão empresarial, foi direto: “Neto, esse tipo de situação vira uma bola de neve. A sua empresa precisa antecipar recebíveis todos os meses, ela está entrando no cheque especial e você compra estoque demais, à vista, ainda por cima. Com tudo isso somado, você corre um risco grande de ter de fechar as portas em um ano”.

A princípio, o Neto achou que era exagero, mas, analisando direito as planilhas, conseguiu entender que estava em uma rota ruim e que podia ganhar muito mais se acabasse com esse hábito antigo. Chegou a levantar cerca de 70 mil reais com a venda de um carro que não era essencial. Aí, ele colocou esse dinheiro no Empório e não precisou mais antecipar recebíveis. Só com isso, ele conseguiu economizar de 4 a 6 mil reais por mês.

Nunca deixar o estoque parado

Estoque parado é sinônimo de dinheiro perdido. Você comprou uma série de produtos e não conseguiu vendê-los. Resumindo, você está no prejuízo.

Para eliminar produtos sem saída, procure criar kits atrativos, incluindo esses itens. Nisso, você “obriga” o cliente a comprar estoque parado e diminui seu prejuízo.

O Neto se viu nessa mesma situação. Aí, Wilson orientou o dono do Empório do Lazer a recontar o estoque e a fazer uma grande liquidação de produtos que estavam parados havia muito tempo. “Tinha um estoque com 17 jogos de panelas, era muita coisa! São jogos que comprei até por um preço bom, deu para fazer uma promoção e liberar o estoque. E foi instantâneo, colocamos no site, mais barato, e já teve venda”, falou o empreendedor, orgulhoso.

Só mexendo no estoque e criando promoções, Neto estima que recuperou cerca de 10 mil reais que estavam parados. Ele percebeu que, se vendia três ou quatro desses jogos por mês, não havia necessidade de ter 17 no estoque. É exatamente o ponto do Wilson.

“Compensa mais você ter o dinheiro em capital de giro do que em estoque”, afirmou. Para garantir que você não entre em uma roubada dessas, Wilson recomenda a utilização de uma planilha de controle, onde você pode estabelecer um estoque mínimo e ir repondo as peças conforme o necessário. Mas só o necessário, hein! “Se você vende três churrasqueiras por mês, então o estoque mínimo é três. Quando vender uma, você pede outra, não precisa comprar mais duas ou três.”

E agora o Neto negocia melhor com os fornecedores, pede condições especiais e paga somente quando já tem o dinheiro no bolso.
“Tudo isso acabou revertendo para uma melhor situação financeira, mais capital de giro e para parar com a antecipação de recebíveis”, conta o Neto. E é assim que tem de ser!

É claro que vender um carro não é legal. Afinal de contas, o Neto precisou se desfazer de um patrimônio. Só que veja o lado bom disso. Com a economia conquistada e fora do “vermelho”, o Neto acredita que até o fim do ano deve recuperar os 70 mil reais. “Às vezes, você tem de dar um passo para trás para dar dois para a frente”, confirmou.

A situação em que o Neto se meteu é bem comum. Wilson explicou que pelo menos a metade das empresas com as quais ele tem trabalhado, em 25 anos de consultoria, passa por algo parecido. São empresas que vendem muito, têm uma boa posição de mercado, mas não têm ideia de como está o lado financeiro da loja e acabam se complicando.

Agora, é só você ficar esperto e não deixar que seu negócio caia nessa armadilha. Você já tem planilhas e ferramentas para manter sua empresa organizada e ir acompanhando o desempenho dela.

Quer saber mais sobre como o Neto salvou o Empório do Lazer com a ajuda dos consultores do Impulso Digital? Confira o vídeo do episódio do mês!